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Foto do escritorRodrigo Viudes

O SÍNODO DE PRACINHA

O exemplo de escuta de fé e cidadania que vem de uma das ‘Nazarés’ da Diocese de Marília. Responda questionário e avalie a relevância, transparência e evangelização de sua comunidade cristã. Paróquia anuncia única equipe que faltava para cobertura integra e diocesana da pastoral carcerária


De olhos abertos à realidade: Paróquia Santa Luzia, de Pracinha (SP) | Foto: Redes sociais

Nos últimos três anos, a Igreja Católica se dispôs a ouvir seu rebanho mundial de 1,3 bilhão de fiéis, segundo anuário estatístico da Santa Sé, em suas dioceses e paróquias, para responder, ou não, às indagações de fé e de vida dos tempos atuais.

Publicado em outubro, com posterior versão em português, o Documento Final da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos ainda receberá, até junho de 2025, análises de grupos sobre temas como diaconato feminino e poligamia.

Em novembro, enquanto os púrpuros, bispos e demais religiosos se debruçavam sobre as franjas teológicas de suas deliberações, nos rincões do oeste paulista um padre e seus paroquianos avançavam nas suas próprias indagações.

A exemplo da Santa Sé, puseram-se a um processo de escuta de comunidade através da partilha de um questionário comum, familiar, inclusivo, social e prático. E assim se fez o ‘Sínodo de Pracinha (SP)’.


Prova prática: paroquianos responderam questões sobre si, a igreja e a cidade | Foto: Facebook/paróquia

Da periferia da Diocese de Marília, veio de uma de suas Nazarés – no caso, habitada por 2.578 almas, majoritariamente católicas, segundo últimos dados do IBGE – uma coisa boa de uma igrejinha em saída desejada por Francisco.

“Foram perguntas simples, mas que motivaram uma reflexão não apenas pastoral, mas também da gestão financeira, participação nas tomadas de decisão e sentimento de pertença”, afirmou ao blog o administrador paroquial da Paróquia Santa Luzia, o padre Danilo Cordeiro Silva.
Jovem visionário: Pe. Danilo Cordeiro completa 5º ano de sacerdócio na sexta (27) | Foto: Facebook/paróquia

O QUESTIONÁRIO

Os devotos da santa conhecida como protetora dos olhos foram provocados a alargar a visão sobre si, a comunidade e a cidade em 17 questionamentos, ora respondendo apenas ‘sim’ ou ‘não’, ora escrevendo à mão suas reflexões.

Primeiros visionários do ‘Sínodo de Pracinha’, o padre de 31 anos com o quinto de sacerdócio a ser completado na sexta-feira (27), e os membros do Conselho Paroquial de Pastoral (CPP) e do Conselho de Assuntos Econômicos Paroquial (Caep) focaram no cidadão paroquiano.

Por isso, além das questões sacramentais, próprias para amostragem paroquial, também aquelas relacionadas à consciência sobre o uso dos recursos financeiros e da relevância da própria paróquia para a cidade, como seguem abaixo:

  • Você acha a presença e atuação da paróquia relevante dentro do cenário social do município de Pracinha?

  • Você se considera importante para a tomada de decisões em nossa paróquia?

  • Você percebe transparência na prestação de contas das promoções e movimentações financeiras na paróquia?

  • A vida celebrativa da paróquia (missas e sacramentos) é bem preparada e te ajuda no encontro com Deus?

  • Você conhece pessoas que se declaram católicas, mas não querem participar da Igreja?

  • Você vê a paróquia como uma comunidade em constante missão?

  • Você tem todos estes sacramentos: batismo, eucaristia e crisma?

  • Você acredita que nossa paróquia tem alcançado todos os ambientes, situações e públicos de nosso município?

  • Você sabe onde seu dízimo está sendo investido?

  • Na sua casa, todos os que são católicos vão à missa?

  • Qual a frequência da sua participação na missa?

  • Qual sua sugestão para o trabalho com crianças em nossa paróquia?

  • Qual sua sugestão para o trabalho com jovens em nossa paróquia?

  • Qual sua sugestão para a paróquia ser mais acolhedora?

  • Quais melhorias físicas você gostaria de ver em nossa igreja matriz e dependências?

  • Nos últimos anos, quais foram os melhores passos dados pela paróquia?

  • Quais atividades ainda fazem falta em nossa paróquia?


AUTOANÁLISE

À disposição de que possam ser replicadas ou ajustadas às realidades de outras comunidades, as questões propostas pela paróquia de Pracinha (SP) aos seus fiéis acabam por alcançar outros rebanhos em seus entornos religiosos e sociais.

Fossem encaminhadas às demais 65 paróquias de outros 36 municípios que atualmente ocupam a jurisdição da Diocese de Marília, teriam a oportunidade de revelar cada paróquia como, de fato, é.

Seria possível mensurar o quanto o chamado à relevância social das comunidades, ao testemunho de Cristo, à transparência financeira, ao engajamento comunitário e ao exercício da cidadania têm sido, de fato, respondido na Diocese de Marília.


Luzes para a diocese: questionário é modelo para iluminar consciências católicas | Foto: Facebook/paróquia

Algumas das reflexões mais contundentes desta autoanálise da Igreja Católica no Brasil constam na síntese das sugestões reunidas em 251 relatórios recolhidos no país pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Membro da equipe de animação do Sínodo 2023 no Brasil, a irmã Teresinha Mendonça Del’Acaqua apontou “um certo desconhecimento da verdadeira pessoa de Jesus Cristo” que “enfraquece o engajamento dos cristãos como leigos e missionários”.

Ela apontou ainda o clericalismo, praticado inclusive por paroquianos através da “centralização de decisões” nas comunidades, um “clamor” pela valorização da participação das mulheres e um “diálogo acolhedor com a juventude”. Confira íntegra de entrevista abaixo:



EXPANSÃO PASTORAL

Da Palavra meditada à recolhida em seu próprio ‘Sínodo’ paroquianos de Santa Luzia devem reescrever a própria atuação missionária em 2025, 28º ano jubilar da Igreja Católica, no encontro aos enfermos, jovens e encarcerados.

Reunidos em apenas um ambiente, os atendidos podem ser encontrados na Penitenciária de Pracinha (SP), cuja paróquia terá sido a última a implantar uma pastoral carcerária entre as demais vizinhas a um presídio na jurisdição da Diocese de Marília.

Os paroquianos de Santa Luzia se juntarão a apenas 66 agentes de comunidades católicas de Álvaro de Carvalho, Dracena, Flórida Paulista, Irapuru, Junqueirópolis, Lucélia, Marília, Osvaldo Cruz, Pacaembu, Pracinha e Tupi Paulista.


Enfim, todas: Penitenciária de Pracinha (SP) será atendida por nova pastoral da Paróquia Santa Luzia

Os dois Centros de Detenção Provisória (CPDs), um de Ressocialização (CRs) e as 17 unidades penitenciárias somavam 18.677 presos superlotados em 13.021 vagas em 19 de dezembro de 2024, segundo dados da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP).

Homens são ampla maioria entre os presos na região: 17.947. As 730 mulheres cumprem pena nas unidades de Tupi Paulista (SP), onde são acompanhadas pela maior equipe diocesana, formada por 14 agentes de pastoral.

Na média, há 282 presos para cada católico ativo na pastoral carcerária na Diocese de Marília, sem considerar quantos ainda atuarão por Pracinha (SP). A população é de 700 mil pessoas – uma para cada 37 presos.


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