Maioria de vereadores inicia último ano de legislatura em busca de reeleição. Pré-candidaturas ao Executivo embaralha jogo político antes de janela partidária. Direita dividida vai disputar cargos ante esquerda fadada a ser coadjuvante outra vez nas urnas
Cinquenta e dois dias desde as duas últimas sessões ordinária e extraordinária, realizadas em 11 de dezembro de 2023, a Câmara Municipal de Marília entra nesta quinta-feira (1º) em seu último ano pela 20ª legislatura (2021-2024).
As sessões plenárias retornam a partir da próxima segunda-feira (5) com o atual parlamento de olho nas eleições municipais de 6 de outubro – ainda não haverá segundo turno em Marília, cujo colégio eleitoral é inferior a 200 mil títulos.
Políticos com e sem mandato já se mobilizam nos bastidores ante as pré-candidaturas sugeridas ou já anunciadas, seja ao Legislativo ou ao Executivo, em busca de manutenção e/ou alternância de poderes.
LEGISLATIVO
Pelo menos dez dos(as) parlamentares devem concorrer à reeleição, dois ao Executivo e um ainda aguarda para saber em qual disputa de poder estará. Confira abaixo:
AGENTE FEDERAL JÚNIOR FÉFIN (UNIÃO BRASIL)
Eleito em 2020 na ‘onda bolsonarista’, o vereador deve concorrer ao cargo em outubro em que pese, ao longo dos últimos três anos, ter sido o vereador que mais tem cobrado ‘renovação política’, inclusive na própria Câmara Municipal.
DANILO DA SAÚDE (PSB)
Reeleito em 2020 com 1.604 votos – menos da metade dos 3.831 de 2016, maior votação ao Legislativo da história de Marília –, o servidor público municipal vai em busca de um terceiro mandato em futura chapa de oposição.
EDUARDO NASCIMENTO (PSDB)
O atual presidente da Câmara Municipal é declarado pré-candidato à Prefeitura de Marília. Em seu quarto mandato como vereador, ele tentará o Executivo pela segunda vez. Em 2012, foi candidato derrotado a vice do prefeito hoje reeleito e seu desafeto, Daniel Alonso (sem partido).
ELIO AJEKA (PP)
Vereador de primeiro mandato, o primeiro-secretário da Mesa Diretora deve tentar a reeleição pela primeira vez. Único nipônico da atual legislatura – e 12º, desde 1929 –, o cirurgião dentista tentará manter a representatividade da colônia japonesa na Casa.
EVANDRO GALETE (PSDB)
Reeleito em 2020, o tucano mais votado nas últimas eleições municipais de 2020 vai tentar o terceiro mandato consecutivo. Ele presidiu interinamente Câmara entre fevereiro e maio 2022, durante ausência de Marcos Rezende (PSD), licenciado pela Covid-19.
JÚNIOR MORAES (PL)
O líder do prefeito Daniel Alonso (sem partido) pode disputar pela primeira vez a chefia da prefeitura, mas da vizinha Alvinlândia (SP). Caso seja candidato, poderá continuar no cargo legislativo enquanto disputa o do Executivo.
LUIZ EDUARDO NARDI (PODEMOS)
Decano da atual legislatura, o engenheiro civil vai buscar o quinto mandato – e o quarto consecutivo. Aos 75 anos, o legislador mais experiente em mandato em Marília abriu mão, ao menos por ora, de aposentar-se da vida pública.
MARCOS CUSTÓDIO (PODEMOS)
Outro reeleito em 2020 que buscará se manter no plenário na 21ª legislatura (2025-2029) – e pela quarta vez consecutiva. Advogado, ele tem parte de sua base eleitoral entre os fiéis da Assembleia de Deus, na qual é cooperador presbítero.
MARCOS REZENDE (PSD)
Ex-presidente da Câmara no primeiro biênio (2021-2022) desta legislatura, o vereador é outro que buscará se manter na cadeira pela 4ª vez – a terceira consecutiva. Rezende é presidente do diretório municipal do PSD.
PROFESSORA DANIELA (PL)
Reeleita em 2020 apesar de uma Comissão Processante (CP), cujo relatório final acabaria arquivado, a educadora tentará seu terceiro mandato consecutivo. Ela compõe a base governista no parlamento.
ROGERINHO (PP)
Vereador com maior número de votos em 2020 (2.864), o atual primeiro vice-presidente da Mesa Diretora e presidente do diretório do PP visualiza vaga em chapas para Executivo ou, de consolo, ao próprio Legislativo.
SERGIO NECHAR (PSB)
Primeiro suplente do PSB, o médico oncologista e então secretário municipal da Saúde assumiu o cargo em janeiro de 2023 após a morte do vereador Ivan Negão (1981-2023) e deve tentar sua 3ª legislatura em outubro.
VANIA RAMOS (REPUBLICANOS)
Em seu primeiro mandato, a obreira da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) também está no páreo pela reeleição. Única da legenda vinculada à entidade religiosa com mandato em Marília, ela é nome certo na ‘chapa dos 18’.
EFEITO EXECUTIVO
Pelo menos cinco vereadores devem aparecer em outra legenda nas urnas de outubro. A transição ocorrerá entre os dias 7 de março e 5 de abril na janela partidária destinada a esse fim, segundo a legislação eleitoral.
Danilo da Saúde (PSB), Eduardo Nascimento (PSDB), Evandro Galete (PSDB), Luiz Eduardo Nardi (Podemos) e Marcos Custódio (Podemos) acompanharão o realinhamento político dos partidos ante as pré-candidaturas políticas ao Executivo.
Legenda do prefeito Daniel Alonso em sua reeleição em 2020, o PSDB disputará as eleições na oposição, cuja chapa pode ser encabeçada pelo deputado estadual e ex-prefeito, Vinícius Camarinha (PSDB).
A eventual candidatura do ex-prefeito de Marília entre 2012 e 2016 arrastará ao ninho os futuros neotucanos Marcos Custódio e Luiz Eduardo Nardi, sem dobrar, no entanto, a representatividade do partido no plenário.
Os dois atuais ocupantes estão às portas da revoada do PSDB. A começar pelo presidente Eduardo Nascimento, que busca outra legenda para concorrer à prefeitura. Galete, por sua vez, será acomodado em outro partido de apoio ao candidato do governo municipal.
Confirmadas essas trocas de legendas, o Podemos ficará sem os dois vereadores que elegeu, reduzindo a quantidade de partidos com mandato nesta legislatura de oito para sete – os outros são PL, PP, Podemos, PSB, PSD, União Brasil e Republicanos.
Na direção política contrária ao PSDB, o PSB, que compôs a coligação de apoio a Abelardo Camarinha (Podemos) em 2020 deve coligar-se à candidatura de situação. Por isso a saída aguardada de Danilo da Saúde, que concorrerá pela oposição.
DIREITA X DIREITA
No mais, a maioria dos(as) demais oito vereadores(as) deve permanecer onde já está, mesmo que por diferentes candidaturas ao Executivo: à direita, proporcionando uma futura divisão e disputa por este espectro político.
Júnior Moraes (PL) – até que confirme sua disputa em Alvinlândia (SP) – Professora Daniela (PL), Evandro Galete (PSDB), Marcos Rezende (PSD) e Sérgio Nechar (PSB) compõem a base legislativa de apoio ao sucessor de Alonso.
Por ora, dois nomes surgem como mais proeminentes para acolher a indicação do prefeito reeleito às urnas de 2024: o próprio vice, Cícero do Ceasa e o assessor especial de governo, Alysson Alex Souza e Silva.
Ambos são do PL, referência da direita no país. O assessor é o presidente da sigla na cidade, e já tem se comportado como pré-candidato em suas redes socais. O vice, por sua vez, depende das pesquisas de intenção de votos para encabeçar a chapa de governo.
O blog apurou que ambos os pré-candidatos do atual Executivo ainda geram desconfiança entre representantes da direita em Marília. Mais: nos bastidores, busca-se outra opção que aglutine o eleitorado majoritário da cidade.
É esse o espaço desejado pelas eventuais candidaturas de Vinícius Camarinha – pelo PSDB, de centro; Eduardo Nascimento, em futura legenda; e até pela chapa pura recém anunciada pelo PDT (centro-esquerda).
Enquanto não confirma sua participação nas urnas de outubro, Vinícius endossa visibilidade política à superintendente do Hospital das Clínicas (HC), Paloma Libânio, seja para validá-la como sua eventual vice ou propor uma alternativa ao eleitorado majoritariamente conservador e feminino.
Apesar do histórico político em partidos de centro-esquerda, Nascimento acaba de receber apoio declarado de uma liderança de direita: o novo presidente do diretório municipal do recém-fundado PRD, Juliano da Campestre.
O presidente da Câmara Municipal tem ainda ao seu lado o vereador de direita com perfil combativo igual ao seu, o agente federal Júnior Féfin (União Brasil) – um ativo eleitoral para abocanhar votos da direita, inclusive como seu hipotético vice.
Último colocado na disputa à prefeitura em 2020 com Adão Brito, o PDT também vislumbra votos além da centro-esquerda com cargos a prefeito e vice formados por dois ex-vereadores recém filiados.
Presidente do Sindicato da Alimentação de Marília, Wilson Vidoto Manzon exerceu mandato na 13ª legislatura (1993-1996), pelo PMDB (hoje MDB). Silvio Harada foi vereador na 18ª (2013-2016), pelo PR (atual PL).
Na esquerda, o PT foi o único a anunciar, em janeiro, em nota distribuída à imprensa, a “possibilidade” de ter pré-candidatos ao Executivo e ao Legislativo. O partido compõe a Federação Brasil da Esperança com PC do B e PV – ambos ainda não se manifestaram publicamente sobre as eleições deste ano em Marília.
Em 2020, PT e PV concorreram à prefeitura com candidatos diferentes – Professor Juvenal e Capitão Eliton, pela ordem, além concorrentes ao Legislativo. Ninguém foi eleito. O PC do B não participou nem das disputas proporcionais.
O PT tem apenas um mandato tampão no Executivo de Marília, entre 5 de março e 31 de dezembro de 2012, com José Ticiano Dias Tóffoli. Vice de Mario Bulgareli (PDT), que renunciou, o petista tentou se reeleger mas perdeu.
O PC do B teve apenas um filiado eleito ao Legislativo de Marília, e por seis vezes consecutivas. Sydney Gobetti de Souza (1953-2012) foi vereador por sete mandatos – somado o primeiro, pelo PMDB (atual MDB – um a menos que Herval Rosa Seabra, que teve oito.
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