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VOCAÇÃO EM RETIRADA

Foto do escritor: Rodrigo ViudesRodrigo Viudes

Atualizado: 16 de jun. de 2024

Vigário da Diocese de Marília é desligado de paróquia pela 3ª vez consecutiva em menos de seis anos de ordenação sacerdotal. Católicos de Junqueirópolis (SP) questionam silêncio da Igreja e compartilham apoio e testemunhos favoráveis ao padre nas redes sociais. Bispo encaminha diácono à Paroquia Santo Antonio


Padre Silvio Quaio em sua missa de posse na Paróquia Santo Antonio de Junqueirópolis (SP) | Foto: Pascom

Pela terceira vez em menos de seis anos de ordenação sacerdotal o padre Silvio César Quaio foi retirado da paróquia em que atuava como vigário na Diocese de Marília.

O último anúncio de sua saída foi comunicado por ele mesmo ao final da missa da manhã do último domingo (12) na Paróquia Santo Antônio de Junqueirópolis (SP).

O momento foi gravado em vídeo, a que o blog teve acesso. Quaio diz “não entender os porquês” que não teriam sido “explicados e dialogados”.

Ele informa ainda ter sido “pedida sua transferência” pelo pároco José Ribeiro e que seguiria para a casa da mãe, em Piacatu (SP).



Quaio agradece o apoio da comunidade, recorda os trabalhos prestados e pede perdão “a todos que não tenham compreendido” o seu trabalho.

“Plantei com muito carinho e amor e levo muitos frutos desta comunidade. Muito obrigado por este tempo. Vou continuar rezando por vocês”, agradece.

Ao final de seu discurso, o vigário é aplaudido de pé. Ele retribui o carinho recebido formando um coração com as mãos.



REPERCUSSÃO

Fiéis ouvidos pelo blog, na condição do anonimato, confidenciaram terem sido informados pelo vigário sobre sua saída ainda na sexta-feira (10).

No entanto, a despedida surpreendeu a comunidade católica de Junqueirópolis, maioria entre os pouco mais de 20 mil habitantes da cidade do oeste paulista.

A repercussão foi imediata nas redes sociais, inclusive nos comentários no canal do Youtube da própria paróquia, ainda na missa noturna de domingo (12).



Além de questionamentos sobre o silêncio da igreja sobre a retirada do padre, multiplicaram-se homenagens, testemunhos e mensagens de apoio.

“Ele conquistou muito rápido a comunidade em todas suas faixas etárias, principalmente os irmãos enfermos. O padre Silvio tem o dom da cura”, afirmou um fiel.

Uma mulher que se identificou como "mera participante" da paróquia partilhou com o blog sua experiência de fé com o agora ex-vigário.

“Ele é um homem de muita devoção a Nossa Senhora e me ajudou em minha conversão. Minha vida e meu casamento mudaram por isso”.

 

CONSEQUÊNCIAS PASTORAIS

Com a saída de Quaio, a Paróquia Santo Antonio de Junqueirópolis (SP) ficou inicialmente apenas com seu pároco e um diácono para cuidarem das celebrações e atendimentos na matriz e em mais dez capelas, inclusive na área rural.


Matriz da Paróquia Santo Antonio de Junqueirópolis (SP): igreja tem dez capelas | Foto: Facebook

Acometido por um câncer, o pároco dependia do agora ex-vigário para que os fiéis fossem atendidos em missas, batizados, confissões e exéquias.

“O clamor da comunidade é que o padre permaneça em Marília para que tenha um tratamento com mais qualidade”, afirmou um paroquiano ao blog.

Não bastasse o tratamento de sua doença crônica, o padre José Ribeiro já começou a sofrer retaliações de paroquianos contrários à saída de Quaio.


Padre José Ribeiro em sua missa de posse: pároco passa por tratamento oncológico | Foto: Pascom

“Muitas pessoas que participariam da organização da festa de Santo Antonio (em junho) já retiraram seus nomes”, afirmou um fiel ouvido pelo blog.

Há relatos ainda de dizimistas que manifestaram o interesse de contribuirem em paróquias de cidades vizinhas.

Procurado pelo blog em contato sua secretaria paroquial, o padre José Ribeiro não havia respondido até esta publicação. O espaço segue aberto.

 

CONTROVÉRSIAS

O blog apurou que a última retirada de Quaio incomodou membros do clero pela forma como foi conduzida pelo agora ex-vigário de Junqueirópolis (SP).

“Ele foi informado sim sobre os motivos de seu desligamento da paróquia pelo próprio bispo na presença de duas testemunhas”, afirmou uma fonte.

Os “porquês” não explicados por Quaio seriam os mesmos que teriam levado outros párocos a pedirem sua transferência nos últimos anos. “Um deles chegou a adoecer”, confidenciou um padre.



Além de questões mantidas sob sigilo pela Cúria, o vigário é apontado pelos padres reclamantes como alguém de difícil convivência sacerdotal.

“O padre José Ribeiro escreveu o pedido de saída do padre Silvio ainda em agosto do ano passado, mas resolveu dar uma nova chance. Mas, o entregou em abril, porque a situação ficou insustentável”, afirmou outra fonte do clero.

 

REVITALIZAÇÃO SACERDOTAL

A carta do pároco de Junqueirópolis (SP) foi encaminhada ao Conselho de Presbíteros, colegiado de sacerdotes que auxilia o bispo no governo da diocese.

Após deliberação, dom Luiz Antonio Cipolini comunicou o encaminhamento definido ao padre Silvio Quaio na reunião da quinta-feira (9) – três dias antes de sua missa de despedida.


O bispo diocesano, Luiz Antonio Cipolini, comunicou decisão ao vigário após consulta ao Conselho de Presbíteros
Ou seja: informou seu desligamento da paróquia, orientou que passasse por novo período de revisão de vida e deu prazo de 15 dias para resposta.

A oferta de "acompanhamento espiritual" foi confirmada pela Diocese de Marília em circular publicada nesta quinta-feira (23) e assinada pelo bispo. Segundo o documento, o padre "optou por ficar em Piacatu (SP)"

A oferta de tratamento não é novidade para o vigário. Em 2022, ele passou meses em uma instituição de Barretos (SP) após ser afastado da paróquia de Bastos (SP).

Ainda segundo a circular, Quaio iria para a Comunidade Vida Nova, de Curitiba (PR). Mantida por redentoristas, a casa é uma comunidade terapêutica "destinada a religiosos e leigos para tratamento de diversos tipos de vícios"

 

BREVE HISTÓRICO

Ordenado sacerdote em dezembro de 2018, o padre Silvio Quaio nunca deixou uma paróquia sem que o pároco pedisse sua remoção.

Foi assim já em sua primeira paróquia em que atuou como vigário, do Sagrado Coração de Jesus, em Marília, entre 2019 e 2020.


Padre Silvio em sua primeira paróquia como vigário, em Marília: dois anos e pedido de saída | Foto: facebook
Transferido para a Paróquia São Francisco Xavier, de Bastos (SP), ele assumiu como vigário em 7 de fevereiro de 2021 e foi afastado em 23 de janeiro de 2022.

Após tempo de discernimento pastoral em Barretos (SP), Quaio foi transferido para Junqueirópolis (SP), onde reassumiu sua caminhada como vigário em 30 de janeiro de 2023, interrompida no último dia 12.

Procurado pelo blog, o padre Silvio Quaio não retornou até a publicação deste texto. Caso  se manifeste, este texto será atualizado.


ENVIO DE DIÁCONO

Ainda na mesma circular divulgada nesta quinta-feira (23), o bispo diocesano informa o encaminhamento do diácono transitório Kleber Alexandre Costa para "auxilio pastoral" à Paroquia Santo Antonio.

O envio do diácono havia sido agendado para 10 de junho, mas foi antecipado para 28 de maio em virtude da urgência de assistência às necessidades paroquiais e de apoio ao pároco.


O diácono Kleber Alexandre Costa vai substituir o Pe. Silvio Quaio em Junqueirópolis | Foto: Diocese de Marília
Costa deixará a Catedral Basílica Menor São Bento de Marília para retornar à sua terra natal cujo histórico de vocações é ímpar na diocese. Pelo menos doze sacerdotes nasceram em Junqueirópolis (SP).

Ordenado diácono em 29 de dezembro de 2023, Kleber Costa receberá a ordenação sacerdotal em 2 de agosto, às 19h30, na mesma Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Dracena (SP), onde cresceu em idade e na fé.

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